Somos todos irmãos ou a fraternidade e a amizade social não passam de um sonho?
Inúmeras vezes escutamos a frase: “Somos todos irmãos”, isso nos passa a mensagem que deveríamos cuidar uns dos outros.
E o Papa não é um irresponsável, mas também, não é um idealista a tal ponto de pensar que já vivemos, integralmente, a fraternidade. Não! A fraternidade é um ideal e para concretizá-la é indispensável enfrentar alguns desafios.
Se aceitarmos a ideia de que somos todos irmãos e tomarmos o migrante como “o próximo”, então, abre-se um leque de complexos desafios, que o Papa não se cansa de abordar. Melhor seria não ter migrações e cada um viver, dignamente, no chão em que nasceu. Contudo, as migrações são uma realidade e enquanto houver migração o desafio é dar condições ao migrante para “realizar-se plenamente como pessoa”.
Para mostrar que a relação com os migrantes não deve ser de passividade, mas de ativa atenção, Papa Francisco põe em evidência quatro verbos que instigam, quatro ações em favor dos migrantes: acolher, proteger, promover e integrar. Nada de assistencialismo paternalista esporádico, que dá a falsa impressão de solidariedade. Não! O Papa é realista, objetivo e propositivo. Ele não fica no campo da imaginação ou só criando teorias, mas realiza inúmeras ações que, se aplicadas, realmente possibilitam ao migrante viver uma vida digna.
Nós enquanto comunidade cristã, pertencentes ao MFC (Movimento Familiar Cristão), devemos ter ou fazer ações humanitárias para acolher os mais vulneráveis, como: oferecer um local adequado e decente; garantir a segurança pessoal e o acesso aos serviços essenciais para a vida de cada um; assegurar e dar suporte possibilitando o direito de trabalhar; proteger os menores e assegurar-lhes o acesso regular à educação. Em nossos grupos, promover programas de acolhimento, garantir a liberdade religiosa, favorecer a reunificação familiar e preparar as comunidades locais para os processos de integração (FT 130).
Uma pausa para refletirmos em grupo.
De onde viemos? Somos todos nascidos nesta cidade?
Quando aqui chegaram, foram bem acolhidos por aqueles que aqui residiam? Foram acolhidos por algum grupo religioso, na educação e no mundo do trabalho?
Foram abertos e receptíveis com nossa chegada nesta terra desconhecida?
Então, para alcançar um mundo aberto, devemos ter, da mesma forma, um coração aberto. Precisamos experimentar a amizade social, buscar o que é moralmente bom, e praticar uma ética social, porque sabemos que fazemos parte de uma fraternidade universal. Somos chamados à solidariedade, ao encontro e à gratuidade
O desafio aqui é enxergar o outro, o migrante, não como inimigo, mas como alguém portador de histórias, culturas e valores que podem enriquecer o habitante local e, na troca, ambos saírem melhores e mais humanizados. Isso não é automático, mas é um desafio a ser perseguido. Assim como num jardim, a diversidade constitui a beleza nas relações humanas, a diversidade cultural faz a riqueza.
Contudo, o Papa vai além, ele chama atenção para a gratuidade, isto é, “a capacidade de fazer algumas coisas simplesmente porque são boas em si mesmas, sem preocupação com ganhos ou recompensas pessoais (FT 139).
O espírito de gratuidade permite acolher o outro, o estrangeiro ou não, sem esperar nada em troca.
Não podemos esquecer que o “migrante” está mais próximo do que imaginamos. Quantas pessoas não são acolhidas em comunidades religiosas, em seu local de trabalho, etc. E não precisa nem ser estrangeiro para se sentir um migrante.
Antes de começar a leitura dos questionamentos é necessário que se tenha claro, que migrante é qualquer pessoa, estrangeira ou não, que chegue numa nova comunidade.
- Você já teve contato com um migrante e como foi seu acolhimento?
- E você, algum dia foi o migrante na situação e como se sentiu?
- Quais seriam as ações do seu grupo se soubessem da chegada de um migrante ou um grupo de migrantes.
Referências: Fratelli Tutti
Texto escrito e adaptado por: Aline e Wesley Santos, Juliana e Edivaldo Gallina, Meire e Ivan Camargo.
Canto Inicial: Somos Todos Estrangeiros (Padre Zezinho)
https://youtu.be/8ps5dmq20rc
Palavra de Deus: Mt 23, 1-8
Canto Final: Quem quiser o céu (Anjos de Resgate)