Numa pacata manhã de sábado, a família Santos acordou com uma notícia que mudaria suas vidas para sempre. Ao receberem o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista para o pequeno Lucas, de 3 anos, um turbilhão de emoções invadiu o lar dos Santos.
Maria, a mãe amorosa e dedicada, sentiu uma mistura de preocupação e incerteza ao pensar no futuro de seu filho. João, o pai forte e protetor, mergulhou em pesquisas e leituras para entender melhor como apoiar Lucas da melhor forma possível.
A rotina da família começou a se transformar gradualmente. As idas ao parque no fim da tarde deram lugar a sessões de terapia ocupacional, psicologia, psicomotricidade, psicopedagogia e fonoaudiologia.
Os jantares em família passaram a incluir atividades sensoriais para estimular o desenvolvimento de Lucas, bem como diminuição de barulho ou estímulos visuais.
As conversas giravam em torno de estratégias para ajudá-lo a se comunicar e interagir mais com o mundo ao seu redor. Apesar dos desafios, a família Santos descobriu uma força interior que nunca imaginaram possuir.
Porém, Maria viu sua vida planejada sair dos trilhos. Precisou sair do emprego para poder acompanhar as terapias, as consultas médicas aumentaram a frequência, e seu dia a dia passou a ser em salas de espera junto a outras mães.
Maria, por vezes, se sentiu só, perdida e abandonada. Suas amigas e até mesmo familiares não compreendiam a nova realidade da família, e algumas chegaram a se afastar por não saber como lidar com as demandas atuais da família Santos.
João, apesar de ser um pai amoroso e marido exemplar, trabalhava fora e quando chegava em casa queria descansar, sem perceber que Lucas, independente de um diagnóstico, era, também, responsabilidade dele, além que ser uma criança afetiva que gostava do carinho do pai.
Assim, a família Santos passou de amorosa e unida, para pais sobrecarregado e sem rede de apoio que começaram a apresentar rachaduras em sua pequena fortaleza.
Maria e João sempre foram uma família religiosa e todo domingo iam à missa. E foi ali, que receberam o acolhimento e aconselhamento que fizeram perceber que apesar das adversidades da vida, a união e o amor eram a maior riqueza deles.
Aprendendo juntos a cada obstáculo, encontraram novas formas de se conectar e se apoiar mutuamente. Maria e João perceberam que a jornada do autismo não era apenas sobre o Lucas, mas sobre toda a família. A empatia, a paciência e o amor incondicional se tornaram os pilares que sustentavam cada novo passo dado. Com o tempo, Lucas floresceu de maneiras que emocionavam e inspiravam todos ao seu redor.
Seu sorriso brilhante e sua determinação contagiosa mostravam que, embora o autismo tenha trazido desafios, também trouxe uma nova perspectiva de amor e superação para a família Santos.
Essa é só mais uma das histórias que chegam até nós todos os dias, mas o que nos chama a atenção é a forma com que esses relatos chegam, carregados de tristeza e cheios de medos, incertezas e culpa.
Estamos encerrando o mês de abril, o mês mundial da Conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista e iniciando o mês de maio, mês dedicados às mães, e diante disso não podemos deixar de trazer a comunidade, esclarecimentos para que nossas ações sejam de acolhimento, compreensão e auxilio, assim como a campanha da fraternidade nos trouxe o olhar de respeito às diferenças e que perante Deus somos todos irmãos.
A última estimativa da CDC que é o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, a cada 36 crianças próximo dos 8 anos de idade nos EUA, uma recebera o diagnostico ou já será diagnosticado em 2024 e no Brasil essa incidência é maior que 2 milhões de casos já existentes.
E por essa razão trazemos essa temática, para nosso tema inicial, pois quanto mais conhecimento a comunidade possui, se torna menor o preconceito e maior a busca por intervenção precoce, tratamentos dignos e inclusão da família atípica na sociedade.
O que é o Autismo? Uma condição neurodiversa que desafia muitas crianças em sua jornada de relacionamento do mundo ao seu redor. A observação, cuidados dos primeiros sinais e a intervenção precoce serão cruciais no desenvolvimento das pessoas que estão no espectro.
Existem sinais importantes a serem observados, como dificuldades na comunicação verbal, falta ou pouco contato visual, alterações repentinas de comportamento, sem motivos aparentes, dificuldades em perceber dor, frio, calor, ou essas sensações em excesso, organização não condizente com a idade, aquisição precoce de leitura e de outro idiomas, hiperfoco em objetos que se mechem, giram, semelhantes, fixação em filmes, desenhos, vinhetas, além disso a seletividade alimentar, processo regressivo próximo aos 2 anos de habilidades que já havia adquirido, sensibilidade auditiva, entre outros sinais devem ser observados.
Em caso de suspeita, buscar profissionais capacitados e experientes será sempre o melhor caminho, e quanto mais cedo ocorre a intervenção, melhor será o desenvolvimento da criança.
É papel da comunidade saber como acolher, organizar os ambientes com suporte para a acomodação sensorial da pessoa autista e de sua família.
Texto Elaborado por Aline Penteado de Nogueira
Grupo São Miguel Arcanjo
Colaboração Emilly Karolina * Terapeuta Ocupacional.